sábado, 19 de fevereiro de 2011

Os Gárgulas


Acabei de assistir a um episódio de “Os Gárgolas”, bateu aquela saudade, eu lembro desse desenho da época em que meu horário no colégio era a tarde. Provavelmente ele passou por aqui no começo de 2000.

Naquela época eu não tinha condições de analisar todo o discurso do desenho e a construção dos personagens, sendo assim, o episódio que por acaso eu assisti hoje foi uma descoberta. Agora fazendo uma pesquisa rápida aqui foi fácil descobrir o porque o desenho conseguiu me manter colada no TV como se fosse algo inédito. “Gargoyles” no original é obra dos estúdios Disney, que resolveu se dirigir a um público mais adulto, a série não fez muito sucesso nos quadrinhos estando no ar de 1994 a 1997 nos EUA.

O desenho me impressionou pela forte carga dramática, que nesse episódio em especial envolvia assuntos muito complexos como exclusão, preconceito, a natureza humana e o conteúdo da TV.

Os gárgulas são criaturas que durante o dia são estátuas e a noite elas ganham vida, elas moram no terraço de um castelo em Manhattan. Sem nada para fazer num mundo que não pode conviver com as suas diferenças eles vivem isolados no castelo. Eles gostam de assistir TV e um programa de super-heróis que passa todos os dias, eles se identificam com esses heróis pois dizem que eles são guerreiros como eles.

No primeiro contato com esses heróis eles são amigáveis e gentis, mas quando eles aceitam o convite com a maior boa fé, encontram-se numa armadilha. Na verdade os humanos, os heróis querem caçá-los, apenas por diversão.

Uma frase marcante entra nessa parte “Eles não são animais, animais caçam por necessidade, eles estão caçando por diversão”

Em outra cena emblemática uma família típica americana, pai, mãe, filho e filha, brancos de olhos claros, bem vestidos, deparam-se com a luta entre eles as crianças então atacam os gárgulas com lançando latas e pedras, os chamando de monstros, os pais não acreditam no que vêem e eles vão embora e a luta continua.

Com dificuldade eles conseguem se livrar dos heróis, que são capturados pela polícia mais tarde. Um dos gárgulas, o que parece mais frágil e com o qual criamos mais empatia pois lembra uma criança ou adolescente diz ao que parece o chefe do bando que estava errado, e que nunca mais ia confiar nos outros, nos humanos no caso. Mas o chefão diz que eles devem continuar tentando achar em quem confiar, pois não gostaria de ficar a eternidade isolado do mundo.

E o final deste episódio ainda revelou que na verdade isso foi tudo uma armação, que o programa de TV “TV a cabo”, e os heróis são propriedades do dono do castelo aonde os gárgulas moram, e que esse cara estava apenas testando os gárgulas.

A frese que fecha sai do conselheiro, o gárgula mais velho: “É melhor a gente não acreditar em tudo que vê na TV”.

Esse episódio poderia ainda ser destrinchado em várias páginas, mas não convém fazê-lo agora, são essas sutilezas, essas complexificações que fazem um desenho ser bom de verdade, o que está atrás do discurso, é sempre mais interessante.

Leia mais sobre o desenho em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_G%C3%A1rgulas

Natália RR

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